Clubes : entre a decadência e o sucesso

 

Ao longo da minha vida, tive a sorte de pertencer, ou de ter pertencido a clubes e associações ímpares no seu género. Quer pelo serviço que prestam ou prestaram à comunidade, quer pelos interesses que defendem ou defendiam à época em que existiram ou a ele(a)s pertenci. Todas elas sem fins lucrativos, viviam sobretudo das quotizações a que os sócios se obrigavam, e da habilidade da direcção para reunir o maior número de apoios junto de entidades públicas e privadas.

Dentre eles, recordo :


  • A ARC - Associação Rádio Cidadão - uma associação de entusiastas da Banda do Cidadão, constituída por jovens e menos jovens. Foi uma verdadeira escola de aspirantes a radioamadores, reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho em torno deste fenómeno que foi a Banda do Cidadão, e entre nós, pelos serviços prestados à comunidade. Granjeou o título de instituição de utilidade pública. Penso até que, juntamente com o Caparica CB, foram estas as únicas associações do género a possuir este relevante título.
  • A LIPA - Liga de Iniciação e Propaganda Aeronáutica - mais do que um grémio associativo, era uma escola de iniciação aeronáutica (aeromodelismo) ímpar. Nunca existiu nada assim no país.

Saudosamente, a ARC encerrou as portas no início dos anos 90 do século passado, vitima da incúria e irresponsabilidade de alguns sócios com menor capacidade de trabalho e dinamização.
Quanto à LIPA, passou por momentos muito difíceis e não sei de vingou perante a decadência do associativismo em Portugal. Estes dois úteis meios de divulgação técnica e forma de ocupação pela aprendizagem, são o espelho de uma sociedade aparentemente decrepita e desmobilizada.

Porém há excepções. Pelo menos, conheço uma excepção.

MCP desde 1986

Pois bem, sou sócio desta instituição não há muito tempo. Apesar de saber da sua existência, nunca me tinha despertado o interesse conhecê-la. Como muitos, pensava eu, porque razão iria interessar-me por um clube de motociclistas. Um local onde à partida, apenas encontraria homens, e entre uns copos de cerveja, uns 'burn-out' e outros tantos 'ratéres'.
Foi um amigo que me encorajou numa sexta-feira a lá ir tomar um café. Confesso que fui... apenas por ir.
Quando lá entrei pela primeira vez, fiquei impressionado positivamente. Apesar de ninguém me conhecer, fui bem recebido. O meu amigo apresentou-me aos seus conhecidos, mas foi de forma reservada que pude observar a quantidade de objectos, fotos e troféus conquistados ao longo dos seus quase 25 anos de existência, expostos na pequena (grande) sede em frente ao liceu Aurélia de Sousa.


Mas algo me impressionou ainda mais, para além de não ter encontrado nada do que sustentara até aí o meu preconceito. A quantidade de senhoras e crianças que lá se encontrava. A tal ponto, que cheguei a casa e dei conta à minha mulher da minha admiração.
Levei-a lá. Aos meus filhos de 13, 12 e 6 anos, também.
Hoje estamos presentes, sempre que possível em família, em muitas das inúmeras actividades do clube, cujo dinamismo da sua direcção teima em não fazer decrescer.

Mesmo com o insustentável custo da gasolina.


Um exemplo de sucesso a seguir.

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